Expansão de Data Centers no Brasil gera avanços tecnológicos, mas também preocupações ambientais

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O Brasil vive um momento de forte investimento em infraestrutura digital. Nos últimos anos, grandes players tecnológicos e empreendimentos privados vêm anunciando a instalação ou expansão de data centers em diversas regiões do país. Essa tendência traz benefícios significativos, mas, segundo especialistas e ambientalistas, também impõe desafios ambientais que precisam ser debatidos com urgência.

O lado positivo tecnológico e econômico

  1. Infraestrutura local fortalecida
    A instalação de data centers no Brasil reduz latência para usuários, melhora a performance de aplicações na nuvem e amplia o acesso a serviços digitais com alta demanda, como streaming, IA, e-commerce e backup de dados.
  2. Segurança de dados e conformidade regulatória
    Manter servidores e armazenamento de dados dentro do território contribui para o cumprimento da LGPD e diminui riscos relacionados à transferência internacional de dados.
  3. Oportunidades de emprego e desenvolvimento regional
    Projetos desse porte demandam mão de obra especializada para construção, operação, manutenção, suporte, além de estimular cadeia logística local.
  4. Potencial de investimento e modernização
    Com a previsão de crescimento da capacidade instalada, há estímulo para inovação em eficiência energética, refrigeração, otimização de infraestrutura elétrica e escalabilidade.
Elea Data Centers prevê quatro data centers, além de prédios para centros de pesquisa, startups e outros, em complexo em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro — Foto: Divulgação/Elea Data Centers
Elea Data Centers prevê quatro data centers, além de prédios para centros de pesquisa, startups e outros, em complexo em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro — Foto: Divulgação/Elea Data Centers

Impactos ambientais e desafios que não podem ser ignorados

  1. Elevado consumo de água
    As necessidades de refrigeração exigem volumes enormes de água. Regiões do semiárido ou com histórico de estiagem ficam particularmente vulneráveis ao uso intensivo desses recursos naturais. O consumo diário de 11-20 milhões de litros já põe pressão sobre mananciais locais.
  2. Alta demanda de energia elétrica
    Data centers operam 24h por dia, o que implica altíssima demanda energética contínua. Esse consumo pode sobrecarregar redes elétricas, especialmente em locais com infraestrutura defasada. Há também emissões indiretas de gases de efeito estufa se a eletricidade for oriunda de fontes não renováveis.
  3. Necessidade de reforço em infraestrutura elétrica e transmissões de energia
    Alguns projetos já exigem melhorias em redes de transmissão para evitar sobrecarga em linhas e transformadores. Isso gera custos adicionais, impacto ambiental de obras civis e possível atraso de projetos.
  4. Uso de terras e impactos locais
    Construção e instalação dos prédios, áreas de resfriamento, acesso de transporte e infraestrutura de apoio podem demandar grandes extensões de terra. Em regiões ecologicamente sensíveis, isso pode significar destruição de habitat e alteração de ecossistemas.

Dados numéricos que ilustram o cenário

  • Segundo relatório do CleanBridge Global Data Center Market Report 2025, a capacidade instalada de data centers no Brasil era de ~740 MW em 2024, com expectativa de crescimento para cerca de 1.210 MW até 2029.
  • O consumo de água do setor já é significativo: data centers no país consomem entre 11 a 20 milhões de litros de água por dia, principalmente para refrigeração. Isso equivale ao consumo diário de uma cidade de 30 a 50 mil habitantes.
  • Projeções estimam que o mercado de consumo de água entre data centers no Brasil atinja ~45,71 bilhões de litros anuais em 2025, podendo saltar para ~85,65 bilhões de litros por ano até 2030.
  • Também se prevê um aumento substancial na demanda elétrica: há estimativas de que, em 12 anos, a carga de consumo dos data centers possa alcançar ~2,5 GW no país.
Infográfico com Projeção de Consumo de Energia em Data Centers no Brasil
Fonte – TI Inside
Infográfico com Consumo de Água em Data Centers no Brasil
Fonte – Mordor Intelligence

Perspectivas e necessidade de regulação

Especialistas afirmam que o Brasil precisa de:

  • Legislação clara que obrigue estudos de impacto ambiental robustos para grandes data centers, avaliando consumo de água, uso de energia e interferência na infraestrutura local.
  • Políticas públicas de incentivo para tecnologias de refrigeração eficiente, uso de água não potável ou sistemas fechados, aproveitamento de fontes renováveis para geração de energia.
  • Transparência nos projetos: divulgação pública dos volumes de água consumidos, fontes de energia, impactos locais, para que comunidades afetadas possam participar do debate.

Reflexão final

Os novos data centers no Brasil são um marco para a nossa inclusão digital e para a economia do futuro. Contudo, é preciso um debate sério sobre sustentabilidade: será que estamos prontos para lidar com o custo ambiental dessa transformação?

O futuro da tecnologia no país precisa caminhar lado a lado com a preservação do meio ambiente — afinal, não faz sentido avançar digitalmente se isso significar retroceder na qualidade de vida e no equilíbrio do planeta. 🌍💡

👉 O que você acha? Vale a pena esse avanço mesmo com o impacto ambiental?

Fontes utilizadas no artigo e no infográfico:

  • CleanBridge Global Data Center Market Report 2025
  • Mordor Intelligence – Brazil Water Consumption Market (2025)
  • TI Inside (2024–2025): artigos sobre consumo de água, expansão de data centers e impacto energético no Brasil

Yuri Mota Melo

Desenvolvedor full-stack, especializado em PHP e Wordpress. Como nunca perdi o amor pelo ensino, decidi criar o Blog YuriMota.Tech.

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